quinta-feira, 21 de abril de 2011

17:34

O gosto de seu café igualava à sua alma, amarga, e o espelho não retratava a realidade, mostrava apenas uma garota, que não mais sorria. O espelho mostrava o que era visível aos olhos, a todos os olhos em sua volta. Sua armadura pesada e de material frágil, escondia por trás por trás de uma fina e penetrável pele macia de veludo as feridas invisíveis aos olhos e incompreendidas pela razão.

Os olhos castanhos claro não transmitiam mais nenhuma emoção; a vitrola antiga que estava sempre a tocar sua canção favorita estava muda, de luto pelos pés mortos e estáticos presos ao chão. Arrastou-se lentamente pela casa, deixando rastros de suas lágrimas, inundando o ar com cheiro de blues. Sentou-se em sua cadeira em frente à janela e presenciou um pôr-do-sol sem tons degradê e pássaros voando ao horizonte. Não viu nada, e os seus olhos, tampouco fizeram questão de ver algo. Respirou fundo e pela noite continuou ali, dando cada vez mais espaço ao que lhe preenchia: o nada.

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